Número global de furtos de cortiça aumentou nos últimos cinco anos, entre 2019 e
2023.
A GNR registou 33 furtos de cortiça no distrito de Santarém, desde janeiro, com
a prevalência dos casos a ocorrerem nas zonas mais isoladas do interior,
informou esta sexta-feira aquela força policial.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) de Santarém indicou que o concelho de
Abrantes surge como o mais afetado por este tipo de casos, com 10 furtos
registados, seguido por Coruche, com sete, Salvaterra de Magos, com seis,
Almeirim, com quatro, Chamusca, com três, e Tomar, Alpiarça e Santarém com uma
ocorrência cada.
O número global de furtos de cortiça aumentou nos últimos cinco anos (entre 2019
e 2023), indicou a GNR, especificando que foram registados 56 casos em 2019 e 99
em 2023.
Segundo dados recolhidos junto da Guarda, os furtos de cortiça são, geralmente,
cometidos por grupos organizados que utilizam como principais métodos a extração
direta da cortiça das árvores ou o furto da cortiça empilhada.
“A prática deste tipo de ilícito criminal normalmente está associada a grupos
organizados que utilizam como ‘modus operandi’ a extração direta da árvore ou
furto da cortiça empilhada. Existe uma maior preponderância de registos da
primeira, não obstante a maior dificuldade e demora quando comparada com a
segunda”, explicou a GNR.
A cortiça furtada é triturada para não ser identificada e depois vendida para a
produção de aglomerados, onde, por sua vez, é adquirida por intermediários que a
misturam com cortiça legal.
“Tudo indica que a cortiça seja vendida a intermediários, que depois a juntam à
cortiça vendida por tiradores legais, integrando-a no mercado legal através da
revenda conjunta a fábricas de cortiça. Também pressupomos que o mercado destino
da cortiça furtada seja o mercado nacional”, informou a GNR.
Face a este aumento de furtos, a GNR intensificou a patrulha com a Operação
“Campo Seguro”, a par da investigação criminal, fiscalização rodoviária e
fiscalização de recetadores, em toda a sua área de atuação, com o objetivo de
“prevenir e reprimir a prática de crimes de furto e de recetação de cortiça”,
desenvolvendo também “ações de sensibilização” para prevenir furtos em áreas
agrícolas e florestais.
A GNR adiantou que para combater este tipo de crime é necessário “reforçar as
medidas de proteção de infraestruturas” como a “instalação de vigilância,
restrição de acessos, vedações, instalação de placards de aviso e melhoria das
condições de luminosidade”.
A título preventivo, a GNR recomenda ainda a “marcação da cortiça”, para
“facilitar a identificação” da sua origem, garantir a “manutenção de acessos
controlados às propriedades”, reforçar a “cooperação entre proprietários e
vizinhos”, de modo a promover a troca de informações e a partilha de alertas” de
forma mais célere, “reportar de imediato às autoridades quaisquer movimentações
suspeitas” e “planear a extração de cortiça, assegurando uma vigilância mais
eficaz”.
As autoridades recomendam ainda instalar alarmes e colocar marcas nos
equipamentos mais sensíveis e vulneráveis, bem como não colocar os “amontoados
de cortiça junto a locais de fácil acesso”.
Uma vez que “este tipo de crime carece de queixa”, a guarda “reforça a
necessidade de se denunciar” estes furtos, pois as queixas são essenciais para
ajudar “a monitorizar o problema” e “direcionar os recursos para as áreas mais
afetadas”.